Biotecnologia como alternativa para a produção de energia renovável

Por Joaquim Carlos Lourenço

A biotecnologia permite a utilização de agentes biológicos (organismos, células, organelas, moléculas) para produção de energia a partir de recursos renováveis, como a biomassa da cana-de-açúcar, dejetos da suinocultura, avicultura e da vinhaça.





A utilização de fontes alternativas de energia é umas das grandes prioridades atuais, e será uma aposta das empresas pós-crise do coronavírus, visto que contribui significativamente para contornar os graves problemas socioambientais ocasionados pelo desenvolvimento tecnológico. A preocupação com o meio ambiente tem estimulado o mercado mundial do setor energético a buscar novas formas de produzir energia limpa.

A demanda por energia limpa e recursos renováveis encontra-se em contínuo crescimento, tão quanto a economia global e a população. Embora a busca por fontes de energias alternativas e renováveis ganhe interesse social e económico no cenário mundial, a matriz energética mundial é predominante de fontes não renováveis, como o petróleo, carvão e gás natural, como pode ser verificado na figura abaixo (ano 2016):


Fonte: IEA, 2018 apud EPE, 2020.

Fontes renováveis como solar, eólica e geotérmica, por exemplo, juntas correspondem a apenas 1,60% da matriz energética mundial, assinaladas como “Outros” na figura. Somando à participação da energia hidráulica e da biomassa, as renováveis totalizam 14%, segundo a IEA, apenas 26% da energia elétrica consumida em 2018 veio através de fontes renováveis.
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) a matriz energética do Brasil é muito diferente da mundial, usamos mais fontes renováveis que no resto do mundo. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica, derivados de cana e outras renováveis, nossas fontes renováveis totalizam 42,9%, quase metade da nossa matriz energética, como mostra a figura abaixo (ano 2017):

Fonte: BEN, 2018 apud EPE, 2020.

A matriz energética brasileira é mais renovável do que a mundial, o que coloca o país numa posição de destaque nessa área. O Brasil por suas características de país tropical e extenso território apresenta condições inigualáveis para ocupar um importante papel neste segmento. As fontes não renováveis de energia são as maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa (GEE).
matriz elétrica brasileira é ainda mais renovável do que a energética, isso porque segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), grande parte da energia elétrica gerada no país vem de usinas hidrelétricas (65,2%), seguida do gás natural (10,5%), a biomassa (8,2%). A energia eólica e solar (6,9%) também vem crescendo bastante, contribuindo para que a nossa matriz elétrica continue sendo, em sua maior parte renovável.
As fontes de energia renovável que mais cresceram nos últimos anos foram a solar e eólica. Na região nordeste, cerca de 89% de toda a energia consumida vem dos ventos (ano 2019). As projeções da EPE apontam que de 1,2% hoje, a energia solar deverá saltar para 10% de participação na matriz elétrica brasileira até 2030.
Não obstante, outras fontes ainda pouco exploradas são uma alternativa para ampliar a matriz de fontes de energias renováveis no país. A biotecnologia com utilização de agentes biológicos (organismos, células, organelas, moléculas) para produção de energia a partir de recursos renováveis, como a biomassa da cana-de-açúcar, dejetos da suinocultura, avicultura e da vinhaça, tem um grande potencial a ser explorado.
De acordo com os dados da Aneel (data 30/09/19), a biomassa representa apenas 0,096% dos micro e minigeradores no Brasil. Conforme Fábio Amato (G1 - Brasília), para permitir o desenvolvimento de novas fontes de energia no Brasil, o governo vem, há mais de dez anos, concedendo benefícios a quem compra energia de usinas eólicas (vento), solares (sol) e de biomassa (queima de material como bagaço de cana para geração de energia). A medida deu certo.
A principal força propulsora do crescimento da demanda por energia renováveis será a pressão social pela substituição de combustíveis fósseis por fontes mais limpas. A biotecnologia por meio da agroenergia pode ser uma solução tanto ambiental quanto económica, uma vez que a mesma é produzida a partir da biomassa. O Brasil tem um grande potencial para explorar essa fonte de energia renovável, tão como um desafio de dar acesso à energia elétrica a quase 1 milhão de brasileiros.
O covid-19 deixou ainda mais amostra as desigualdades sociais presentes em todo mundo, dentre elas: o acesso à energia elétrica. A pandemia do coronavírus evidenciou a necessidade da utilização de fontes de energia renovável, como a luz do sol ou o vento, fontes gratuitas e de grande abundância em algumas regiões.
Os equipamentos para explorar essas fontes podem ser instalados rapidamente e gerar a energia que carecem as comunidades sem acesso à rede elétrica, especificamente durante um período de isolamento social mundial. Apesar de requerer altos investimentos para sua instalação, segundo os especialistas do setor, o investimento é diluído durante o tempo, já que a matéria-prima para sua produção é gratuita, especialmente a solar e eólica.


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